O que o leitor pode esperar deste livro é uma trip de amigos desajeitados e desajustados, protagonistas que por atrapalhados e incrédulos abrem caminho para que emerjam os coadjuvantes: paisagens, lugares e pessoas, transeuntes ou moradores locais, que vão trazer memórias e histórias sobre ditaduras, povos originários, negritude, racismo e a defesa da Pachamama, a Mãe Terra.
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O livro traz conteúdo histórico, político e cultural de forma leve e ajuda a “desencobrir” a América, que não foi “descoberta” pelos europeus, mas sim encoberta pelo processo capitalista-colonial com sua implacável caneta que escreve apagando tudo o que vinha antes. Mostra que a Argentina não é um país só de brancos e que o Chile não é um país tão “Europeu” como nos dizem. Desencobrir é expor nossas entranhas e tocar feridas, no caso do livro, especialmente desconstruindo os falsos paraísos vendidos pelo turismo de massa, que oculta e subjuga os verdadeiros herdeiros e cuidadores dos mais belos territórios do planetinha azul.
O mais importante, entretanto, é que Estrada no Sal provoca o que é imprescindível para qualquer livro sobre viagem: aguçar e desatar no leitor a vontade incontrolável de cair na estrada, sendo você alguém estranho ou terrivelmente normal.